quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Estio



estio


Escuto ao longe um sonho,
  pensamento gritado no sopro cálido do Estio.
Voa rasante, incerto, errante, por sobre os prados dormentes, dantes searas que um dia mataram a fome das gentes. 
 É voragem drenante que agita os fenos já mortos,
 fendidos, tortos; 
memórias já idas, talvez choradas, talvez sentidas, de quem há muito partiu.

4 comentários:

Nanda Costa disse...

Desta vez eum "fala" é Luis Vaz de Camões:

O CÉU, A TERRA, O VENTO SOSSEGADO...
O céu, a terra, o vento sossegado...
As ondas, que se estendem pela areia...
Os peixes, que no mar o sono enfreia...
O nocturno silêncio repousado...

O pescador Aónio que, deitado
Onde co vento a água se meneia,
Chorando, o nome amado em vão nomeia,
Que não pode ser mais que nomeado:

- Ondas - dizia - antes que Amor me mate,
Tornai-me a minha Ninfa, que tão cedo
Me fizestes à morte estar sujeita.

Ninguém lhe fala; o mar de longe bate;
Move-se brandamente o arvoredo;
Leva-lhe o vento a voz, que ao vento deita.

Luís de Camões

Bjs.

Isabella disse...

A seca continua a farpar as poesias deste país salgado...

Bjs

Anónimo disse...

Leda,

obrigado por continuar a escrever!

Deus te abençoe!

bj

Isabella disse...

Foi um ano de silêncio, mas talvez os ventos mudem e tragam mais gritos ao bosque, agora que o Outono se avizinha.

Obrigada a todos os que percorrem estas veredas.

L.D.