segunda-feira, 17 de maio de 2010

Cascata de Cinzas


Ausentei-me do luar na ramagem tristonha. Já não te suplico das cinzas a aurora nem do pranto o resplendor. Verdades, não as conheço; terras, não as possuo. Somente busco na tua abundância a escuridade e na tua frieza a ternura.

2 comentários:

Nanda Costa disse...

Deste vez foi difícil, pois com a palavra "cinzas" não encontrei poema, mas com "noite" já é outra coisa:

Hora Mística

Noite caindo ... Céu de fogo e flores.
Voz de Crepúsculo exalando cores,
O céu vai cheio de Deus e de harmonia.
Silêncio ... Eis-me rezando aos fins do dia.

Névoa de luz criando imagens na água,
Nome das águas esculpindo os céus,
Tarde aos relevos húmidos de frágua,
Boca da noite, eis-me rezando a Deus.

Eis-me entoando, a voz de cinza e ouro,
— Oh, cores na água vindo às mãos em branco! —
Minha ópera de Sol ao último arranco.

E, oh! hora mística em que o olhar abraso,
— Sol expirando aos Pórticos do Ocaso! —
Dobra em meu peito um oceano em coro.

Afonso Duarte, in "Tragédia do Sol-Posto"

Isabella disse...

Lindo, lindo!!!
Hora mística... isto faz-me lembrar a Miss Anne Peacock...