segunda-feira, 26 de abril de 2010

Prelúdio


O que é a vida senão a sala de espera da razão? Nela inventamos cenários, desenhamos personagens, compomos segredos, partilhamos sombras irreais, mas tudo quanto nos acontece, acontece-nos aí, entre as quatro grades do mundo.

1 comentários:

Nanda Costa disse...

Ainda estava eu a ultimar a colocação do poema do "post" anterior, quando me "cai" desamparada a frase de hoje. Palavra escolhida: razão. Pensamento meu: haverá alguma razão seja no que for nesta vida?

Não me Peçam Razões...

Não me peçam razões, que não as tenho,
Ou darei quantas queiram: bem sabemos
Que razões são palavras, todas nascem
Da mansa hipocrisia que aprendemos.

Não me peçam razões por que se entenda
A força de maré que me enche o peito,
Este estar mal no mundo e nesta lei:
Não fiz a lei e o mundo não aceito.

Não me peçam razões, ou que as desculpe,
Deste modo de amar e destruir:
Quando a noite é de mais é que amanhece
A cor de primavera que há-de vir.

José Saramago, in "Os Poemas Possíveis"